sábado, 9 de fevereiro de 2013

O encontro.

Pensei que entregar como presente algo que precisasse, fosse uma boa ideia. Preparei uma embalagem. Tudo deveria estar perfeito, estava cansada de oferecer decepção. A cada novo encontro me sentia decepcionada por sempre acontecer algo errado. Não queria que nosso Amor e nossa promessa de eternidade ficasse fadada a encontros repletos de discussões seguidos por pedidos de desculpas. Amor não deveria ser assim, muito menos o nosso relacionamento. Nesta noite, apenas nesta, eu entregaria um encontro digno de nossos sentimentos.
Coloquei meu vestido vermelho, aquele que me deu. Um cardigã, meu presente na bolsa. O primeiro empasse da noite aparece, eis a chuva de verão. Chuvas de verão aparecem para estragar aquele momento oportuno que precisa sair. Dura pouco, mas faz estragos. Disse a mim mesma que não iria deixar que apenas água prejudicasse meus objetivos. Abri meu guarda-chuva, aquele que tem um rasgo.
Entrei no ônibus, me sentei. Quando desci a chuva estraga meu cabelo. Ele ficou assim, murcho, sem graça. Segundo empasse da noite. No entanto, ao me encontrar lá estava ele, radiante. Como se nenhum problema ou uma chuva estivesse impedido sua felicidade. Quem dera estar me sentindo assim também.
O terceiro empasse surge quando inciamos a milésima breve discussão, sobre dividir o guarda chuva. Começo a pensar: "Que chuva estúpida", quando um carro guiado por um idiota qualquer, resolve passar em um poça e encharcar meu vestido. Meu cardigã.  Mais um pouco do meu cabelo, já murcho. O quinto empasse veio molhado, e com ele, minhas lágrimas. Só conseguia pensar que era assim que se estragava um encontro. Inciamos a segunda discussão, pelo fato de ele tentar me consolar e de isso me irritar.
Chegamos ao restaurante. Cheio. Senti vontade de dar meia volta. Entrar em um lugar cheio de pessoas felizes, em meio a sua infelicidade é sempre uma batalha. Nos sentamos. Neste momento decidi que eu tinha duas opções: chorar o resto da noite, ou decidir sorrir e esquecer todos os empasses que aconteceram, antes mesmo do encontro.
Sorri, tirei meu pacotinho de presente da bolsa, enquanto ele fechava os olhos ansioso.Quando abriu, não conseguia desembrulhar o presente, pois ficava agradecendo, sem saber o que era. Apenas pelo bilhete. Apesar de não me sentir tão feliz quanto gostaria, o encontro chegou ao mínimo de perfeição exigido. 
Ao fim da noite, deitamos na cama que é minha, mas que já parece nossa, para dividirmos olhares entre o filme que alugamos na locadora e nossos sonhos. 

Sandy Quintans

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