sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Nublado


Eu tirei uma foto do céu. As nuvens estavam tão carregadas que pensei que se me esticasse o suficiente, poderia toca-las. Achei que fossem desabar na minha cabeça. Gostei tanto daquelas nuvens que percebi que era assim que eu me sentia, cinza, sobrecarregada, cansada e prestes a desmoronar. 

Eu tinha me esquecido como era ter dias ruins. Só nas últimas semanas eu tive uma coleção completa deles e acho que me esqueci de como era se sentir assim, principalmente por tanto tempo. Eu busco a resposta na minha cabeça, ela não vem. Não consigo pensar. 

Quando minha mãe me perguntou o que tava de errado, desmanchei. Chorei por mais de uma hora, praticamente sem conseguir respirar e não tinha respostas. Tinha desespero por nunca mais parar de chorar e ficar trancada pro resto da vida. Daí lembrei de quando meu pai me disse que as pessoas tinham limites de lágrimas. Chorei por medo de não poder chorar mais.

Tinha razões pra estar assim. Mas sentia que não possivelmente nada disso fosse o motivo pra desabar. Senti saudades de mim. Senti saudades de equilíbrio. Senti saudades de reconhecer as coisas ao meu redor. 

Eu amei aquelas nuvens. 

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Quando o mundo desmorona, não é aos poucos


Fazia muito tempo que eu não me sentia mal, como eu estou essa semana. Eu relevo muito coisa, perdoo fácil, deixo passar, mas hoje é um dia que não consigo enxergar isso em mim. Não tenho ideias que me animam, perspectivas que me motivam. Parece que só estou vendo o lado ruim de tudo. Que de realista, passei pra pessimista. Parece que quando é pra desmoronar, é pra ser de uma vez. Que a avalanche não vai te deixar correr. E não sei como reagir assim, a não ser deitar e esperar que o céu esteja claro mais uma vez.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

O improvável


Eu estava incomodada há semanas, provavelmente meses. Não fazia ideia de qual era o nome do sentimento que me atrapalhava. Pra ser sincera, ainda não sei. Ou talvez eu saiba. Estava no Twitter quando me deparei com a seguinte frase: "como é difícil não gostar de alguém que a gente ama, né?".

Era isso. Talvez a palavra fosse decepção, poderia também ser tormenta. Mas era algo que agarrava meu coração e esmagava. Esmaga, não no passado. E eu ainda não sei qual é o nome da palavra que me aflige, mas eu já conheço o sentimento por certo tempo. Provavelmente, por tempo demais. 

Pode parecer incoerente, eu realmente não acreditaria nesta colocação, mas é possível não gostar de alguém que a gente ama. Porque amar implica em admiração, em achar incrível. Foi justamente a admiração que me deixou, deu lugar à desconfiança. E já teria sido muito se acontecesse apenas uma vez na vida.  

Nem tudo que nos faz mal podemos deixar pra trás. Não é toda caneta que pode riscar alguém pra gente, porque há laços que são tão profundos que não se pode saber a origem. Eu amo alguéns de que não gosto, de que deixei de gostar.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Sementes de nós


Houve um tempo em que eu não conhecia o meu lugar no mundo. Bem, como todo mundo. Eu não me enxergava como alguém que poderia ser bonito, como alguém pudesse receber amor, além daqueles dado pelas amigas. Eu não acreditei que eu fosse ser como todas as outras pessoas. Na verdade, eu nunca me tornei o todo mundo, mas isso não quer dizer que eu não tenha me encontrado e me aceitado. Aquele primeiro beijo veio mais tarde, o namorado também e a primeira vez, nem se fale. Sabe, olhando de longe isso tudo agora parece lindo, porque eu aprendi que tudo o que acontecia na vida de todo o planeta não necessariamente tinha que acontecer comigo.

E foi assim que comecei a questionar cada um “tem que” que me apareceu. Eu não precisava ir naquela festa que os amigos adoram, se eu não quisesse. O mesmo vale para as bebidas alcoólicas, porque essas regras são as minhas. Decidi que casar de véu e grinalda não era uma regra e um sonho pra mim, porque acreditar em um sonho que te foi designado a sonhar sozinho, não era bem uma realização pra mim. E lá atrás, antes de escolher grande parte dessas coisas e provavelmente influenciada por Angelina Jolie, eu decidi que queria adotar uma criança.

Simplesmente eu não conseguia aceitar colocar mais alguém no planeta, com tanta gente por aqui precisando de um coração pra morar. E tem o parto, toda aquela fase ~linda~ de amamentação e de ser tratada como um ser mágico, de sabedoria plena, quando a coisa de perto não é bem assim. É claro, isso tudo é realmente maravilhoso para muitas mulheres, mas preciso enfatizar: não pra todo mundo, não pra mim. Esta não é uma aventura que todo mundo pode se aventurar.

O problema da decisão de ter filhos — ou de não tê-los - é que é um passo que não se toma sozinho. Não é bem da sua vida que está cuidando apenas, em vários sentidos. E eu realmente acredito que é possível ser feliz com outra pessoa sem dependência, porque eu vivo isso com meu namorado, todos os dias ou boa parte deles. Por quê? Porque eu também decidi lá atrás que um relacionamento não precisava ser baseado em necessidade, embora cada pedacinho de nós quer se colar um no outro pra nunca mais largar.

Daqui a seis meses eu completo 25 anos. O que significa que posso já ter vivido 1/4 de uma vida longa, o que é pouco se olharmos pra todas as partes da fração, mas muito pra eu já me conhecer. O suficiente pra saber que cada dia eu mudo um pouquinho mais e um pouquinho menos. O suficiente pra saber que sonhar com uma gravidez não é pra mim. O suficiente pra saber que é uma possibilidade indesejada. O suficiente pra eu saber que posso um dia acordar com uma vontade louca de procriar. 

P.S.: Por favor, povoem este mundo com bebês lindos. Alguém tem que criar seres mágicos por mim.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Insensível - Parte 2


Mais uma vez o meu dentista. Desta vez, ele havia me perguntado se eu me retraia muito em resolver os problemas e se superava as coisas rápido. Eu parei de remoer problemas, já faz um tempo. Quando escolhi que queria parar de imaginar como a vida acontecia e passei a querer vivenciar as minhas próprias linhas. E foi assim que comecei a atropelar meus sentimentos. 

Quando paro pra pensar no que se passa aqui dentro, até dói. Dói me encontrar pra observar tão de perto. Não sinto que vivo tudo o que sinto suficiente. E mais uma vez estou aqui me repetindo. Mas é tudo que tem se passado por dentro nestes tempos. Conviver com as pessoas me fez perceber que talvez eu não viva o que sinto apropriadamente. E neste caso, apropriadamente não quer dizer o que é comum para todos, mas como deveria ser sentido por mim. 

Não quero me encontrar daqui algum tempo e perceber em mim um trauma ou algo não resolvido. Quero viver agora, agora, agora. Sem perder tempo com aquilo que é ruim. Reflexos de alguém sofreu demais por pouco e quis sentir tudo o que havia pra sentir de uma só vez.  É mesmo melhor sentir dor, a não sentir nada.


quarta-feira, 8 de julho de 2015

Sofrimentos imaginários


Quando somos crianças, a menor das coisas nos faz sofrer. Lembro o quanto eu sentia apenas de imaginar algo que pudesse acontecer. Chegando na adolescência o sofrimento continuou imaginário, mas não pela expectativa, e sim, por coisas ínfimas. É claro que o tempo passou e meu coração ficou calejado e quase nada mais valia o sofrimento. 

Nós nos fechamos para o mundo. Por isso que o sofrimento de quem é adulto vem de tão perto. Esses dias eu estava lendo o emocionante "Eu te darei o sol", da Jandy Nelson, que falava justamento disto. O livro conta história dos irmãos gêmeos Noah e Jude e sobre os fatos que romperam os laços entre essas duas almas que foram unidas ainda na barriga. O problema é que a gente não espera que a facada que fará nosso peito sangrar possa vir de quem está com você.

Eu fiquei pensando nas coisas que me fizeram sofrer nos últimos tempo, depois que entrei na minha oficial fase adulta. Às vezes é bom reencontrar velhos sentimentos pra gente perceber que está vivo. E me dei conta de que é mesmo sempre de perto que vem a o que nos acomete quando nos tornamos adultos. 

É mais difícil, mais complicado, mais dolorido.


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Insensível


A cada dia que passa eu sinto menos. Ainda consigo me lembrar de um tempo que tudo parecia demais. Que cada passo era como um milhão de pequenas faquinhas sendo colocadas delicadamente em meu corpo. Tudo doía mas que necessário. Decidi que não queria mais sentir assim, que a vida deveria seguir.

Quando a vontade era gritar, eu silenciava. E se fosse pra chorar, que fosse por dentro. E se fosse pra sentir, que fosse por mim. Apagar, anular, esquecer. E agora já não sinto nas mais. Ou quase. Me guardei em um casulo e parece que me perdi por lá dentro.

E foi aí que comecei a sentir demais por todo mundo. A dor de tanta gente sempre parece maior que a minha. Sou egoísta demais pra ter esquecido de mim, mas talvez eu tenha deixado de lado algumas dores. A vida dos outros é sempre mais interessante e estou sempre achando que aquilo não é comigo e que posso deixar de lado. 

Eu tive um instante em que decidi que não deixaria que nada impedisse de viver e fazer as coisas. Foi aí que fui enterrando as coisas e cavando cada vez mais fundo, pra não ter que me deparar mais com aquilo. Tenho medo de ter perdido a capacidade de sofrer. De ter medo. Eu não sei se vale a pena ser tão forte, porque às vezes estamos apenas escondendo uma fraqueza e não vencendo-a.

Ou pode ser que apenas esteja tudo pairando, pronto pra me pegar desprevenida. 

Sandy Quintans

domingo, 17 de maio de 2015

Farewell


É, eu sei, alguns laços se romperam e talvez não possam mais ser consertados. Pode ser que seja tarde demais. Ou apenas que não vale mais a pena lutar. Passei tempo demais pensando sobre isso, o passado, o que éramos e o que nos tornamos. Nada.

Passei tempo demais pra perceber que as coisas que me chateavam há anos atrás são as mesmas que ainda me deixam triste agora. Com a diferença que grande parte de mim se transformou, que fiquei a cada dia mais próximo de ser mulher e quase nada de ser menina. Foi aí que manter as coisas que eu fazia antes deixou de fazer sentido. Parece que tudo mudou pra mim, mas não pra você.

As coisas que faziam parte do que manteve nossa relação ser tão divertida já não me divertem mais. Na verdade, passaram a me deprimir, como pouca manteiga pra uma banda de pão muito grande. Há um universo que não consigo mais fazer parte, que não posso mais reconstruir porque esse tempo já passou. Passei pra próxima página deste livro, há um novo capítulo começando, um novo eu transformando.

Gostaria de trazê-la pra essa nova vida, mas cada vez mais a vejo menor, como alguém que ficou parado enquanto a gente se distancia, enquanto a gente se despede. Talvez seja uma boa hora pra dizer adeus, talvez seja uma boa hora pra me alcançar.

Sandy Quintans

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Paixão Platônica


Esses dias eu parei pra ler Anexos, o livro da Rainbow Rowell, que me fez pensar muito na minha adolescência. Além de ser muito engraçado, ele falava de um cara que trabalhava em um jornal, lendo emails dos funcionários. Até que um dia ele se apaixonada por uma moça que conversava por email com a sua amiga todos os dias. Ele se perde de amor só de ler as conversas dela. Daí ele começa a imaginar como tudo seria se aquilo se tornasse real. 

É bem provável que eu seja a rainha das paixões platônicas. Adorava fantasiar uma vida completa com qualquer carinha que eu achasse interessante. Eu arrumava paixões platônicas em cada lugar que ia, na escola, no ponto de ônibus, na igreja, no supermercado. Passava meses tentando encontrar determinada pessoa nos horários que vi pela primeira vez, podia ser só pra olhar, pra alimentar minha imaginação, pra tentar sentir o cheiro. 

O que mais me fazia amar esses meus relacionamentos de um lado só é que tudo era do jeito que eu queria. Poderia inventar diálogos inteiros de como nós nos conheceríamos, como seria o nosso namoro, em que lugares iríamos. Tava tudo ali prontinho na minha cabeça, até o dia que eu terminasse o relacionamento e partisse pra próxima paixão. Passei anos assim. 

(Mais uma vez, obrigada Rainbow Rowell por escrever livros tão deliciosos e me lembrar como é ser adolescente)

Sandy Quintans

quinta-feira, 12 de março de 2015

Vida temporária

"Life is what happens to you / While you're busy making other plans"*, disse John Lennon. E eu não poderia ser mais clichê na escolha de uma citação. Mas foi exatamente o que veio em minha mente no momento em que comecei a pensar no que estava fazendo, enquanto estava no caminho de volta pra casa. Foi então que percebi que tomei as circunstâncias da minha vida em algo temporário. Em algo que acontece antes da vida, do grande plano, do grande futuro. 

Deixei que a vida corresse seu curso naturalmente porque estava mais interessada na chegada até a margem. Permiti que meus meses fossem tomados por planos nenhum porque viver o agora não era bem o meu objetivo. Isso está errado. 

Parar pra pensar nisto me levou a entender que a vida está acontecendo agora, o tempo todo, diante dos meus olhos, passando despercebida. O tempo todo tem vida sendo vivida e não estou presente pra registrar. Não estou aqui pra me importar. E se o grande plano der errado? Vou viver esperando a vida acontecer? Acho que não. 

Sandy Quintans

*Trecho da música "Beutiful Boy", que faz parte do álbum Double Fantasy, lançado em 1980 por John e Yoko. Pode ser traduzido como: "A vida é aquilo que acontece enquanto você está fazendo outros planos"

sexta-feira, 6 de março de 2015

O pote do final do arco-íris


Minha vida não me preparou para o que acontecia depois da faculdade. Na verdade, a de ninguém. Aprendi isso em Girls e nunca me senti tão parte desse clube como antes. E não sei dizer se é algo bom, vejo mais como uma constatação. 

Em meus anos pré-faculdade me imaginava dentro daquele universo acadêmico, realizando descobertas, modificando meu modo de ver as coisas. Tudo isso aconteceu, mas a gente sempre acredita que quando todas aquelas realizações terminassem, haveria uma revelação ali no final do arco-íris, como um pote de ouro.

Conquistei meu diploma, cheguei ao fim da linha e não sei o que fazer com isso. O problema é que a gente imagina todo o processo de ingressar na faculdade e que por mais interminável que ela pareça, ela vai ter fim. Aos poucos eu fui me inserindo em minha área de atuação, em conta gotas e quando percebi já estava lá. Não no tal destino dos sonhos, mas em algum lugar que poderia me levar a isso, em algum lugar que poderia proporcionar aquela revelação.

Que fase estranha essa, de não ter que frequentar aulas, nem se preocupar com trabalhos e provas, em como conciliar tudo isso com a sua vida. Estranha porque não sinto falta, pelo menos por enquanto. Estranha porque estou feliz com meu tempo livre, que até agora não se concretizou como “livre”, já que ele tá sempre ocupado. Estranha porque eu gosto do agora, mesmo sem saber o que ele significa. 

Eu não sei o que será da minha vida nos próximos meses, mas já consigo imaginar em anos, em futuros. Mesmo sendo planos estranhos, mesmo sendo dias estranhos. 

Sandy Quintans


sábado, 28 de fevereiro de 2015

Cinco dias


Quando era adolescente tinha um pouco de pavor quando me diziam que já namoravam alguém há cinco anos. Tinha o pensamento instantâneo de desperdício de tempo. Cinco anos na adolescência é como anos em vida de cachorro: tempo demais. Nos primeiros cinco da nossa vida é o ciclo que vivemos entre ser um bebê e se tornar criança. Uma diferença de eras. Agora, nós completamos cinco anos e tenho de dizer que imaginei pratos atirados, lágrimas demais, felicidade de menos.

Parece que foram cinco meses. Ainda sinto aquelas borboletas no estômago. Ainda sinto aquela vontade de estar o tempo todo juntos. Mas também sinto aquele sentimento parecido ao de estar em casa. De conhecimento, de como ser uma só coisa. Sinto a urgência de tonar nossas vidas em algo único, como quase ela já é. Como se cinco anos fossem apenas cinco dias que se passaram, quando comparado ao resto de nossas vidas. É apenas o começo de tudo. 

Sandy Quintans

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Kit de primeiros socorros


Eu estava sentada na minha cama lendo, enquanto meu namorado assistia vídeos no Youtube, como sempre fazia. Acho que via vídeos de músicas, talvez pra se inspirar e compor coisas novas, talvez pela simples curiosidade. E então nós as vimos, a dupla de irmãs suecas, Klara e Johanna que formam o First Aid Kit. É claro que naquela hora não sabíamos seus nomes ou origens, apenas que víamos algo que não se vê todos os dias. Assistíamos a duas meninas cantando em harmonia perfeita e com letras fortes demais para a idade delas, mas que dizia tanto. A canção era Ghostown, que fala sobre um amor não correspondido e que teve de ser deixado pra trás. Era incrível.

Sempre fui uma garota pop rock, que mais tarde acabou se provando um indie rock. Sabia pouquíssimas coisas sobre o folk. O máximo que tinha me arriscado era com Beirut e sua eterna Elephant Gun. Ou nas canções de Johnny Cash e Bob Dylan, que na maioria das vezes soava mais como um rock pra mim. Não entendia a linguagem daquela coisa nova que estava sendo cantada pra mim. O que eram aquelas harmonias? E de letras tão profundas?

Enquanto ele caía de cabeça no som daquelas meninas, deixei de lado. Mas depois que meu namorado ouviu tantas vezes o The Big Black and Blue, o primeiro álbum delas, acabei passando para o meu celular e ouvia aquilo sem parar.

Já havia me apaixonado por música algumas vezes. Aconteceu com o Elvis Presley, antes de conhecer os The Beatles e depois que os conheci também. Ou quando descobri Coldplay lá pelos meus 14 anos. Ou até mesmo nas vezes que me vi chorando com as carreiras solo de John, Paul e George. Ou com a Norah Jones. Até mesmo com Ryan Adams. Me apaixonar já havia acontecido diversas vezes. Mas aquilo ali que sentia por aquelas meninas era amor.

Fechava os olhos e parava tudo que tava fazendo pra mergulhar naquelas canções. Mesmo depois de ouvir inúmeras vezes. Prestava atenção em cada harmonia de vozes, nas letras, em cada instrumento. Quando The Lion’s Roar entrou na parada, o segundo álbum, o amor só aumentava. E daí veio Stay Gold este ano, que só trazia mais evolução da dupla de jovens artistas.

Já se passaram mais de três anos desde aquela tarde que as descobrimos. Quase nem tínhamos vídeos ou materiais para ler sobre elas, enquanto agora o mundo as descobre. Perdi as contas de quantas vezes sonhei que as conhecíamos ou que íamos a um show delas.

Geralmente quando escuto uma música repetidamente, acabo enjoando. Quando aprendo a cantar ela perde a essência. Não foi o que aconteceu com nenhuma canção de First Aid Kit pra mim. Porque estas canções elevaram a minha compreensão de música a um outro patamar.

Uma vez, li uma entrevista delas dizendo que não teve uma criação para a música folk, assim como aconteceu comigo. Mas um belo dia, elas ouviram uma canção de Bright Eyes e foi como uma revelação. A música folk para elas, assim como para mim, tem um significado muito sincero e com melodias que nem todos os gêneros consegue expressar.

Por isso, depois delas muitas outras bandas vieram, também tive minhas paixões dentro do folk. Mas elas permanecem como o kit de sobrevivência, um sonho que desejo realizar, um novo significado para a música. Tudo que elas tocam parece se transformar em ouro. Música atrás de música.

* Texto publicado originalmente em minha primeira aventura no Medium